A massagem é a arte original de tocar com qualidade, de proporcionar relaxamento em partes do corpo ou nele todo. Apresenta vários benefícios, além de não necessitar de uma tecnologia avançada para realizá-la. Necessita apenas de um toque firme, mas, ao mesmo tempo com extrema suavidade das mãos sobre a pele. O toque está ligado às emoções.
Segundo Hoffmann (2005), o ato de tocar é um comportamento que pode conter elementos fundamentais para o desenvolvimento humano, principalmente para os bebês, desde a vida intra-uterina, pois o toque proporciona um bem estar físico, emocional e social. A qualidade do toque na criança pode gerar tendências positivas durante seu desenvolvimento.
Espera-se que a massagem modifique as células do sistema nervoso, ative física e psiquicamente o organismo, causando sensação de bem estar geral (LIMA, 2004).
Em bebês a massagem é bastante adequada e indicada. O obstetra francês Fréderick Leboyer, percorrendo a Índia conheceu Shantala, uma mãe indiana que massageava seu filho, com extrema lentidão, em uma sequência rítmica e ordenada de movimentos. O médico ficou encantado com o carinho e amor que aquela mãe transmitia através da massagem para seu bebê e, aproximadamente em 1975, trouxe a técnica para o Ocidente para fins terapêuticos (GUIMARÃES et al, 1997).
A técnica proporciona vários benefícios, tais como melhorar o vínculo afetivo entre mãe e filho, acalmar e ajudar o bebê a dormir melhor, diminuir o medo, a ansiedade, irritação, aliviar os sintomas de cólicas e ainda favorecer o desenvolvimento psicomotor (HOFFMANN, 2005).
A Shantala é indicada nos casos de distúrbio da fala, passividade, hiperatividade, irritação, tiques nervosos, distúrbios respiratórios, enurese noturna, autismo, cegueira, surdez, Síndrome de Down, Paralisia Cerebral (PC), para melhora do padrão de sono e do atraso no desenvolvimento motor normal (HOFFMANN, 2005 apud GUIMARÃES et al, 1997, p.14).
Dentro dessa abordagem, pensar na massagem em bebês portadores de deficiências torna-se coerente.
Bebês com paralisia cerebral apresentam alterações da postura e do movimento, dificuldades na coordenação motora e privação de estímulos sensoriais pelos déficits motores.
Na paralisia cerebral ocorre uma lesão não progressiva, porém o quadro modifica-se à medida que a criança cresce, podendo tornar-se uma patologia incapacitante. Elas evoluem muitas vezes, com quadros tão graves, como comprometimento cognitivo e transtornos sensoriais que podem nunca serem capazes de andar, falar e compreender o que se passa ao seu redor, com dificuldades no seu desenvolvimento motor.
Sendo assim, a massagem Shantala pode vir a contribuir para um melhor desenvolvimento do bebê portador de paralisia cerebral, auxiliando no seu desenvolvimento global, na qualidade de sua percepção corporal e do ambiente em que vive, além de favorecer o vínculo mãe / filho, abalado por prováveis intercorrências no nascimento e início da vida do bebê.
A Shantala pode resgatar esses estímulos e proporcionar à criança maior tranquilidade, uma melhora do tônus muscular e de sua movimentação global. Além disso, a massagem favorece o que é fundamental para a criança que é o contato físico, com amor e carinho, através do toque, sendo um recurso que pode influenciar de forma positiva a qualidade de vida do bebê e sua família.
Aline Maldonado